segunda-feira, 28 de abril de 2008

Nutracêuticos ou alimentos funcionais?

A noção de alimento funcional é hoje cada vez mais aceite, embora tenha sido por vezes duramente criticada. Na verdade o que se pretende tornar claro ao recorrer a esta designação, é que os alimentos podem exercer funções e ter actividade farmacológica própria, para além do seu valor como fornecedores de energia ou dos elementos plásticos necessários à construção do organismo humano. Nesse sentido as vitaminas existentes em alguns alimentos conferem a estes a categoria de alimento funcional.Os exemplos que imediatamente ocorrem à mente são o dos próbioticos, prébioticos e simbióticos (lactobacilos); o dos esteróis e estanois que reduzem a absorção do colesterol e se encontram incorporados em margarinas; e o dos polifenois existentes no vinho tinto, no chá verde, na cerveja, que exercem efeito antioxidante. Muitos outros, se poderiam juntar a esta lista, merecendo especial relevo a luteína existente nos legumes de acção protectora em relação a manifestações oculares como a degenerescência macular e as cataratas.
Hoje a discussão centra-se na questão que titula este breve contributo: deve recomendar-se a ingestão de alimentos ricos nos princípios activos em causa, ou é preferível recorrer à administração de nutracêuticos, na forma farmacêutica adequada? Argumentam os propositores da primeira opção que é preferível recorrer à ingestão do alimento natural (p. ex. peixe gordo em vez de ómega 3, brócolos em vez de luteína), já que é essa a via mais cómoda, mais barata e mais facilmente adoptada pela população. Contestam outros esta afirmação, lembrando as quantidades elevadas que é preciso ingerir e não corresponderem a hábitos alimentares normais (quem come sardinhas ou cavalas três vezes por semana?) e a concentração muito variável do princípio activo nesses alimentos.
A dieta mediterrânica é a mais conveniente para a conservação da saúde e a profilaxia da doença cardiovascular, mas há muita gente que não quer (razões económicas, de tempo, de disponibilidade) ou não pode (intolerâncias alimentares, hábitos, gostos) adoptar este tipo de dieta; e há ainda quem necessite de tratamento mais enérgico ou com doses mais elevadas do que as que podem ser fornecidas por uma dieta aceitável para a generalidade da pessoas. Impõe-se nestes casos o recurso aos nutracêuticos, que aparecem assim não como alternativa mas como complemento e potenciação dos benefícios de uma dieta sadia. Ou seja, alimentos funcionais e nutracêuticos.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Que mau gosto!

São várias as situações que podem originar alterações do gosto, tais como certas doenças-cancro, diabetes, doença de Crohn, doença de Parkinson, problemas psiquiátricos, entre outras: problemas bucais-doença local, patologia dental, tratamento dentário recente ou má higiene; dano no nervo ou lesão cerebral; infecções víricas sendo destas a mais frequente a constipação comum; radioterapia da cabeça ou pescoço, deficiência em zinco, malnutrição, tabagismo, idade, cirurgia, medicamentos.São vários os medicamentos que têm sido implicados no desenvolvimento de alterações do gosto, parecendo ser mais frequentes em doses elevadas e em períodos prolongados.As anomalias na percepção do gosto podem diminuir o apetite e consequentemente a ingestão de alimentos, podendo também conduzir a alterações nos hábitos alimentares. Os doentes podem ter tendência a aumentar a ingestão de sal e/ou açúcar, na tentativa de melhorar o sabor dos alimentos, o que pode ter consequências graves em doentes que sofram de insuficiência renal, hipertensão, diabetes, por exemplo. Podem também ocorrer transtornos na digestão, uma vez que a estimulação dos órgãos do gosto pode aumentar o fluxo de saliva e a regulação intestinal.O tratamento deve iniciar-se pela identificação da causa ou factores que possam contribuir para o problema tais como malnutrição ou produção insuficiente de saliva. Se a causa é uma deficiência em zinco, a suplementação com sulfato de zinco pode ser útil. A produção de saliva pode ser estimulada ou substituída utilizando saliva artificial. Se a alteração estiver relacionada com medicamentos, a redução da dose do fármaco ou a sua substituição por outro deve ser ponderada.Se tal não for possível o alívio dos sintomas pode ser obtido mascarando o gosto desagradável com pastilhas elásticas sem açúcar, ou rebuçados sem açúcar com forte sabor a limão.As queixas mais frequentes sobre alterações do gosto referem-se à perda do gosto e ao sabor metálico

Estômago cheio ou vazio?

A interacção alimento-medicamento verifica-se frequentemente. Os alimentos podem modificar a forma como muitos medicamentos são “tratados” no organismo.
A administração com o estômago vazio pode em muitos casos garantir uma absorção mais rápida e completa (passam mais rapidamente para o sangue) podendo contudo facilitar a intolerância gástrica ocasionada por diversos fármacos. Neste caso deve existir um compromisso, recomendando-se a sua ingestão com alimentos já que com o estômago vazio seriam mal tolerados.Os medicamentos devem ser ingeridos com um copo cheio de água para aumentar a dissolução do fármaco e para que seja mais rapidamente absorvido. A água também facilita a passagem pelo esófago evitando a retenção do fármaco o que poderia provocar erosão e úlceras, facilitando igualmente a sua eliminação pela urina.De uma forma geral os alimentos vão atrasar o esvaziamento do estômago e consequentemente a absorção do medicamento. Mas em alguns casos este atraso pode ser benéfico (medicamento para tratar a tinha) possibilitando a sua dissolução e absorção.Se for necessária a administração com o estômago vazio, deve entender-se como aquela que é feita pelo menos 1 hora antes ou 2 horas após os alimentos.

sábado, 5 de abril de 2008

Adoçante ideal

O edulcorante (adoçante) artificial ideal deveria ser mais doce que a sacarose (açúcar comum) e sem travo desagradável, solúvel em agua, incolor e inodoro, estável a alta temperatura, barato e desprovido de toxicidade. Nenhum dos edulcorantes hoje usados cumpre todos os requisitos, daí a contínua pesquisa para encontrar novos substitutos da sacarose, artificiais e naturais.
A inclusão de edulcorantes sintéticos em produtos alimentares (refrigerantes para dieta, ditos “light”) praticada em vários países, pode tornar difícil saber a quantidade total diária se os fabricantes não especificarem nas embalagens. Este dado é importante já que para cada composto, como atrás se indicou, foi estabelecida dose máxima diária compatível com um uso seguro.
Os estudos realizados não têm estabelecido relação causal entre uso de edulcorantes artificiais e cancro da bexiga, na população em geral. Assim estes produtos não parecem constituir factor de risco importante para a maioria dos indivíduos, quando usados com moderação. Mas a avaliação dos resultados destes estudos pode ser difícil já que muitos outros aditivos são usados, sem falar na presença de outros factores de risco alguns dos quais bem reconhecidos (tabagismo). Pouco se sabe ainda das causas do cancro da bexiga.
Consumo moderado será a atitude mais sensata, visto existirem ainda dúvidas por esclarecer e já que os edulcorantes artificiais não se podem considerar elementos indispensáveis numa dieta.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Aspartame(adoçante)

Fornece como o açucar comum 4 Kcal/grama ou seja fornece tantas calorias como a sacarose, mas como é 180 a 200 vezes mais doce, o valor energético da quantidade utilizada para adoçar será muito baixo. O seu gosto será mais parecido com o do açucar que o dos outros agentes. Não está demonstrado poder cancerígeno.Não resiste a altas temperaturas e se estiver muito tempo em solução vai perdendo o seu poder adoçante.
A unica precaução referida é a fenilcetonúria que é uma doença hereditária e os portadores desta doença devem evitar ou restringir o uso deste composto.
Segundo vários autores , seria quase certa a ausência de efeito cancerígeno. Isto coloca de algum modo o aspartame em vantagem em relação aos outros edulcorantes artificiais e justifica a popularidade que actualmente goza.O exemplo mais típico é o canderel.

Ciclamato(adoçante)

É cerca de 30 vezes mais doce que o açucar comum-menos que os outros compostos disponíveis-e não fornece calorias. É muito solúvel em água e é muito estável a temperaturas utilizadas na cozedura. Como efeito adverso, em altas doses, pode provocar diarreia.
Como para a sacarina o potencial efeito cancerígeno no homem não foi demonstrado, mas são necessários mais estudos e é condenável o uso excessivo e indiscriminado.
Este edulcorante é frequentemente usado em combinação com a sacarina (na proporção de 10:1) o que permite o emprego de menor quantidade de cada um dos agentes. Tem como exemplo o Dulceril.

Sacarina

Descoberta em 1879, foi o primeiro adoçante artificial usado. Não fornece energia e é cerca de 300 vezes mais doce que o açucar comum(sacarose). É muito estável a temperaturas usadas na preparação de alimentos.
Actualmente, de um modo geral, a sacarina é considerada provavelmente segura para a maioria dos indivíduos, quando usada em quantidades moderadas.Até agora nenhum estudo estabeleceu relação perfeitamente definida entre sacarina e cancro da bexiga. São exemplos as Hermesetas e a Sacarina Fidelis. Há recomendações no sentido de não se ultrapassar 1 grama/dia.Para se ter uma ideia, as doses usadas em estudos em animais corresponderiam a um consumo humano vitalício de 175 gramas/dia.

Adoçantes

O açucar, denominação comum da sacarose, está bem presente nos nossos hábitos alimentares.Tem um sabor agradável dificilmente mascarado, é muito solúvel em água e relativamente estável ao calor e à armazenagem. Tem no entanto inconvenientes para a saúde:é por exemplo, uma das principais causas da carie dentária e, fornecendo 4 Kcal por grama, contribui para uma ingestão calórica por vezes exagerada.O uso de compostos naturais ou sintéticos com poder edulcorante(adoçante) muito superior ao da sacarose e baixo valor calórico pode ultrapassar algumas destas desvantagens. Os adoçantes permitem a substituição do açúcar na dieta de diabéticos, obesos, e noutras situações que necessitam de reduzida ingestão de calorias.
O poder adoçante dos diferentes compostos é um dado de certo modo subjectivo, determinado em relação à sacarose. Por isso os valores nem sempre coincidem.
Desde há alguns anos que estes edulcorantes têm sido alvo de polémica, ainda não completamente dissipada, acerca do possível efeito cancerígeno revelado por estudos em animais de laboratório.Muitos desses trabalhos foram postos em questão porque se basearam na administração de doses maciças, que ninguem poderá consumir, afastando-se totalmente das condições normais de utilização destes compostos.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Alimentos que são Medicamentos?

A esperança de vida tem vindo a aumentar nos países desenvolvidos mas o verdadeiro segredo para uma vida longa passa, sobretudo, pelos cuidados que temos à mesa. Alguns alimentos que nos ajudam a envelhecer com a máxima qualidade:
Peixe: Rico em gorduras polinsaturadas, quando consumido regularmente, ajuda a prevenir a hipertensão e as doenças cardiovasculares.
Citrinos: São ricos em vitamina C, um ingrediente natural com acção nas doenças infecciosas. Além disso, muitos especialistas acreditam que o consumo regular de citrinos ajuda a prevenir vários tipos de cancro.
Alho: Usado como tempero desde sempre, o alho ajuda a prevenir a hipertensão e a subida de colesterol no sangue.
Tomate: O consumo diário de tomate parece prevenir o cancro da próstata, uma doença que atinge uma percentagem significativa de homens em todo o mundo.
Chá verde: Rico em antioxidantes, o chá verde, quando bebido regularmente, inibe a formação das placas que provocam a arteriosclerose, para além de ajudar a prevenir o envelhecimento.
Chá de folha de oliveira:excelente na prevenção da hipertensão.
Lacticínios: O consumo diário de leite, iogurtes ou queijo previne a osteoporose e contribui para a regularização do trânsito intestinal.
Massas: As massas, o arroz e o pão integral são excelentes fontes de energia, fibras e ferro.
Feijão: O feijão-frade é rico em acido folico, substância que favorece a renovação das células e diminui o risco de determinados tipos de cancro.
Ervilhas: A ervilha contém luteína, um antioxidante que contribui para a manutenção da visão
Não existem dois alimentos iguais, quer ao nível do sabor, da textura, ou da composição nutricional. Ingerir alimentos de todos os grupos da Roda dos Alimentos é o que todos devemos fazer para a manutenção do melhor estado de saúde possível.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Como evitar os vulgares arrotos?

A eructação (vulgar arroto) é uma forma de libertar o excesso de ar presente no estômago. Uma pessoa pode engolir ar em excesso quando bebe ou come demasiado depressa, ao falar enquanto come ou bebendo bebidas gaseificadas.
A eructação em excesso é uma queixa frequente em pessoas com azia ou doença de refluxo gastroesofágico (DRGE). Se o ácido do estômago sobe até ao esófago, a pessoa pode ter a necessidade de engolir repetidamente para expelir o ácido do esófago ou neutralizá-lo com a saliva, levando a que seja engolido ar excessivamente.
Algumas pessoas engolem ar devido a tiques nervosos, mesmo quando não estão a comer ou beber. Noutros casos, a eructação crónica pode estar relacionada com uma inflamação da mucosa do estômago.
A eructação pode ser minimizada de várias formas:
-Comer e beber devagar. Deve-se também evitar beber por "palhinhas".
-Evitar bebidas gaseificadas e cerveja, uma vez que estas podem libertar dióxido de carbono gasoso
-Evitar pastilhas elásticas e rebuçados uma vez que quando se consomem estes produtos, o acto de engolir é feito mais vezes que o normal e parte do que se engole é ar.
-Não fumar, pois ao inalar o fumo também se inala e engole ar.
-Verificar as dentaduras, pois quando estas estão mal ajustadas é engolido excesso de ar ao comer e beber.
-Tratar a azia. Os antiácidos e outros medicamentos de venda livre podem ser úteis para o tratamento da azia ligeira e ocasional. Em caso de DRGE podem ser necessários medicamentos de prescrição médica obrigatória ou outros tratamentos.

A obesidade pode ser contagiosa?

A obesidade é um importante problema de saúde pública dos tempos modernos, afectando 400 milhões de pessoas em todo o mundo.Esta epidemia parece não ser apenas determinada pelo que se come, mas também pelas pessoas com quem nos relacionamos.
De acordo com um estudo publicado recentemente, se alguém que nos é próximo fica com excesso de peso ou obeso, aumenta a probabilidade de nós desenvolvermos o mesmo problema.Segundo esse estudo, os amigos de pessoas obesas têm 57% mais probabilidade de ganhar peso.Este risco era de 40% entre irmãos e de 37% entre casais. Pessoas do mesmo sexo exerciam maior influência entre si do que pessoas de sexo oposto. No entanto, vizinhos fora do círculo social pareciam não ser afectados.
Os investigadores acompanharam 12.000 pessoas ao longo de 3 décadas e concluíram que a obesidade se difundia através de laços sociais de um modo bem mais subtil do que a simples adopção dos hábitos das outras pessoas. Estes resultados podem explicar o aumento da taxa de obesidade em países como os Estados Unidos ao longo dos últimos 25 anos, sugerindo que esta situação, para além de ser um problema médico, deve ser encarado como um problema social.
O que parece estar a acontecer é que o facto de uma pessoa se tornar obesa provavelmente altera a percepção do peso adequado. Deste modo, as pessoas pensam que não existe problema em estarem um pouco “maiores”, pois os que se encontram à sua volta também apresentam excesso do peso. E esta forma de pensar propaga-se.
Assim, parece que a obesidade num indivíduo pode influenciar outros relacionados, directa ou indirectamente com o mesmo. Não se resume ao simples facto das pessoas obesas ou não obesas se relacionarem apenas com os seus semelhantes, pelo contrário, existe uma relação directa e causal.
É necessário compreender que uma parte significativa da saúde de um indivíduo está envolta na sua rede social.
Estas conclusões têm implicações em futuras intervenções clínicas e de saúde pública que se podem tornar economicamente mais eficazes do que era suposto inicialmente, uma vez que as melhorias ao nível de saúde numa pessoa podem contagiar os membros da sua rede social.
The New England Journal of Medicine, 2007

quinta-feira, 6 de março de 2008

Influência dos medicamentos no estado nutricional do doente

Outro dos aspectos a ter em consideração na interacção alimento-medicamento (IAM) prende-se com a influência de determinados fármacos no estado nutricional do doente.Com frequência, sintomas como anemia, diarreia, perda de peso são atribuidos à doença, quando, na verdade, poderão estar relacionados com uma IAM.Por exemplo o uso prolongado de laxantes reduz a absorção de glucose, proteínas, sódio, potássio e algumas vitaminas.
Também o uso crónico de antiacidos (como Rennie e Kompensan) pode conduzir à diminuição do fósforo da dieta e, consequentemente, o surgimento de problemas ósseos.
Alguns fármacos usados na redução do colesterol, estão relacionados com a má absorção do ferro e de vitaminas A,D e E.
O uso prolongado ou a ingestão de doses elevadas de diureticos provoca uma perda de potássio, magnésio, zinco e calcio.
Para além destas interacções alguns medicamentos poderão estar na base duma deterioração no estado nutricional do doente, seja por poderem provocar o vómito(alguns medicamentos para tratar problemas cardíacos) seja pela diminuição da produção de saliva(alguns antidepressivos) ou ainda por alterarem a percepção do sabor(medicamentos para problemas cardíacos).
Em conclusão pode-se dizer que o conhecimento da causa e do efeito da interacção assume um papel preponderante.Os constituintes da dieta condicionam a acção dos fármacos e por sua vez os medicamentos podem provocar deficiências nutricionais.Impõe-se por isso compatibilizar a dieta com a medicação.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Influência dos alimentos na acção dos medicamentos II

Tal como entram ,os medicamentos também saiem, inalterados ou transformados.Para que isto aconteça uns medicamentos necessitam que a urina seja mais acida outros menos.Por isso alguns fármacos são eliminados mais rapidamente ou mais lentamente e daqui a sua maior ou menor intensidade e duração de acção.De entre os medicamentos que acidificam a urina contam-se a carne de aves, o peixe, as uvas, o pão e o queijo,sendo que os frutos (com excepção das uvas), os legumes (exceptuando o milho e as lentilhas), o leite, as natas e a manteiga são alimentos que tornam a urina menos acida.
Também se pode verificar um efeito aditivo, como seja o resultante da administração de fármacos que actuam ao nível do Sistema Nervoso (calmantes, anti-alérgicos) com alcool.
Noutras situações a interacção origina um efeito contrário.Por exemplo os anticoagulantes (vulgarmente para o "sangue grosso") vêem o seu efeito contrariado pela vitamina K, muito abundante em certos alimentos como a aveia, o trigo, fígados ou espinafres.
Outro tipo de interacção com consequências relevantes tem a ver com a presença duma substância chamada tiramina em elevada quantidade em alguns alimentos e bebidas, como sejam cerveja , queijos curados e fermentados e carnes fumadas.Com alguns antidepressivos há aumento daquela substância tiramina no sangue o que pode originar graves crises de hipertensão, que em situações limite pode resultar em hemorragia cerebral e coma.Esses antidepressivos também podem dar a mesma interacção com alguns peixes , molhos exóticos, marisco, e queijo "gruyère".

Influência dos alimentos na acção dos medicamentos I

Os alimentos podem modificar o efeito dos fármacos, fundamentalmente por interferência na forma como são modificados pelo organismo, ou por alteração na sua acção, originando como é natural, um viés mais ou menos pronunciado.Sendo que os medicamentos são na sua maioria administrados por via oral, é ao nível da absorção que se verificam as interacções mais significativas.
De entre os fármacos nos quais se verifica uma redução pronunciada na absorção por interacção com os constituintes da dieta, destaque para as Tetraciclinas (um tipo de antibióticos).De facto com alimentos ricos em ferro ou calcio(queijo, leite, iogurtes) ou fortificados com ferro (alguns cereais) há diminuição da sua actividade.Para alem disto há alguns medicamentos cuja absorção (e por isso a acção) é aumentada pela presença de alimentos, enquanto que outros sofrem uma diminuição (algumas penicilinas).
Mas como se não bastasse há alimentos que podem inibir ou impedir a transformação de alguns medicamentos no nosso organismo o que vai ocasionar um aumento das suas concentrações no sangue, com eventual risco para o doente.Exemplo disto é a interacção da toranja com alguns anti- histaminicos (vulgares anti- alérgicos), com o Valium, com o Tegretol(anti-epilético) , com alguns medicamentos para reduzir o colesterol e até com o Viagra, pelo que se desaconselha o seu uso simultâneo.

Interacção Alimento-Medicamento

A interacção alimento-medicamento(IAM) é um fenómeno que,embora muitas vezes descurado,merece uma atenta reflexão na avaliação da eficácia dum medicamento, bem como na avaliação do estado nutricional do doente.Sendo que interacções desta natureza raramente ocasionam consequências fatais, é relativamente frequente o surgimento de efeitos adversos, mais ou menos importantes e imprevisíveis, ou que originam respostas farmacológicas diversas em intensidade das esperadas para uma determinada dosagem.Com a presente introdução é meu objectivo sensibilizar o público em geral para a importância de considerar a IAM como podendo provocar alterações no efeito medicamentoso bem como controlar eventuais consequências ao nível do estado nutricional do doente.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sindroma Metabolico

Tanto barulho para nada?

O Sindroma metabolico é definido como a presença de quaisquer três dos cinco critérios :

Perímetro abdominal: mais de102 cm no homem
mais de 88 cm na mulher

Triglicerideos :mais de150 mg/dl apos doze horas de jejum

Colesterol HDL(bom colesterol) : menos de 40 mg/dl no homem
menos de 50 mg/dl na mulher
Pressão arterial: mais de 130/85 mm Hg
Gllcemia em jejum: mais de 100 mg/dl

O conceito de sindroma metabolico não reune consenso. Discute-se se não será apenas uma construção artificial,que em nada altera os cuidados ao doente.Uns questionam o seu valor clinico e pensam que ganhou uma importância injustificada.Outros defendem a sua utilidade como ferramenta pratica, que lembra que determinados factores de risco de doença cardiovascular e diabetes tendem a agrupar-se, nomeadamente em individuos obesos.A identificação de um dos factores de risco deve levar à pesquisa de outros.
A implementação de estilos de vida saudáveis é a pedra angular do tratamento.Até mais estudos não há fármacos específicos para o sindroma metabolico,para além dos dirigidos contra os factores de risco que a compõem, bem como a adopção duma alimentação equilibrada e prática de exercício físico regular.