quinta-feira, 20 de março de 2008

A obesidade pode ser contagiosa?

A obesidade é um importante problema de saúde pública dos tempos modernos, afectando 400 milhões de pessoas em todo o mundo.Esta epidemia parece não ser apenas determinada pelo que se come, mas também pelas pessoas com quem nos relacionamos.
De acordo com um estudo publicado recentemente, se alguém que nos é próximo fica com excesso de peso ou obeso, aumenta a probabilidade de nós desenvolvermos o mesmo problema.Segundo esse estudo, os amigos de pessoas obesas têm 57% mais probabilidade de ganhar peso.Este risco era de 40% entre irmãos e de 37% entre casais. Pessoas do mesmo sexo exerciam maior influência entre si do que pessoas de sexo oposto. No entanto, vizinhos fora do círculo social pareciam não ser afectados.
Os investigadores acompanharam 12.000 pessoas ao longo de 3 décadas e concluíram que a obesidade se difundia através de laços sociais de um modo bem mais subtil do que a simples adopção dos hábitos das outras pessoas. Estes resultados podem explicar o aumento da taxa de obesidade em países como os Estados Unidos ao longo dos últimos 25 anos, sugerindo que esta situação, para além de ser um problema médico, deve ser encarado como um problema social.
O que parece estar a acontecer é que o facto de uma pessoa se tornar obesa provavelmente altera a percepção do peso adequado. Deste modo, as pessoas pensam que não existe problema em estarem um pouco “maiores”, pois os que se encontram à sua volta também apresentam excesso do peso. E esta forma de pensar propaga-se.
Assim, parece que a obesidade num indivíduo pode influenciar outros relacionados, directa ou indirectamente com o mesmo. Não se resume ao simples facto das pessoas obesas ou não obesas se relacionarem apenas com os seus semelhantes, pelo contrário, existe uma relação directa e causal.
É necessário compreender que uma parte significativa da saúde de um indivíduo está envolta na sua rede social.
Estas conclusões têm implicações em futuras intervenções clínicas e de saúde pública que se podem tornar economicamente mais eficazes do que era suposto inicialmente, uma vez que as melhorias ao nível de saúde numa pessoa podem contagiar os membros da sua rede social.
The New England Journal of Medicine, 2007

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